Holons e Agentes e seus Sistemas de Controle

Holons e Agentes e seus Sistemas de Controle

Koestler (1968) introduziu a palavra holon para descrever a unidade básica de organização de sistemas em organismos vivos e em organizações sociais, baseada em teorias de Herbert Simon e em suas observações. Koestler concluiu que as partes e o todo não existem no domínio da vida, e propôs a palavra holon para representar esta natureza híbrida, sendo uma combinação da palavra grega holos, que signifi ca inteiro, e do sufi xo on, que signifi ca partícula (CHRISTENSEN, 2003).

 

Assim, um holon combina o todo e a parte, sendo simultaneamente o próprio todo com suas partes subordinadas e, partes dependentes quando vistas de níveis mais elevados. A recursividade, proveniente da propriedade que um holon pode ser parte de um outro holon, permitindo representar um holon por outros holons, que por sua vez podem ser representados por outros holons, permite o tratamento da complexidade de um problema. Koestler identi ficou também duas características importantes de um holon: autonomia, em que a estabilidade do holon resulta de sua habilidade de agir de forma autônoma em caso de circunstâncias imprevisíveis, e cooperação, que é a habilidade de combinação dos holons para atingir objetivos comuns, transformando estes holons em componentes efi cazes maiores, i.e., holarquias.


Uma holarquia é de nida como um sistema de holons cooperando para atender objetivos, combinando suas habilidades e conhecimento individual. Cada holarquia tem regras e diretrizes de nidas, e um holon pode dinamicamente pertencer a várias holarquias ao mesmo tempo,
o que é uma diferença importante do conceito tradicional de hierarquias. Os holons podem
formar uma holarquia e, ao mesmo tempo, preservar sua autonomia e individualidade. Os
comportamentos e as atividades dos holons são determinados pela cooperação e interação
com outros holons, ao contrário de ser determinado por um mecanismo centralizado. Assim,
holons (ou holarquias) são simultaneamente um todo independente subordinadas às suas partes
e peças dependentes quando visto a partir de níveis mais elevados (WINKLER; MEY, 1994;
CHRISTENSEN, 2003; GIRET; BOTTI, 2004; HSIEH, 2009).

Holonic manufacturing system (HMS) -Consortium (CHRISTENSEN, 2003) trabalhou na
aplicação dos conceitos de Koestler para propor uma nova geração de sistemas de manufatura
(SMs) e seus controles, fornecendo uma ontologia específi ca e precisa, e demonstrando ótima
adaptação desses conceitos às tradicionais atividades produtivas. De acordo com o HMS-Consortium, um holon consiste num equipamento de produção capaz de executar as operações de produção associado a um componente inteligente. HMSs sugerem a idéia que os SMs necessitam ter uma estrutura hierárquica além do aumento de autonomia representado por entidades individuais distribuídas. A estrutura recursiva associado ao conceito de holarquias permite o desenvolvimento estrutural dos sistemas de controle de produção através do encapsulamento de funções de produção e componentes

Por exemplo, uma holarquia que representa uma célula de produção é ao mesmo tempo o todo, encapsulando holons que representam os recursos do chão de fábrica, e uma parte que em conjunto com outras células formam o SM, e assim por diante de acordo com a necessidade do projeto. Assim, um holon pode representar uma atividade física ou lógica, tal como um robô, uma máquina, uma ordem, um sistema de manufatura, ou mesmo um operador humano.

O holon tem a informação sobre si mesmo e o seu ambiente, contendo uma parte do proces-samento de informação e uma parte do processamento físico quando o holon representa um
dispositivo, tal como um robô.

A maioria das técnicas utilizadas em sistemas holônicos está presente em sistemas multia-gentes. De fato, um holon é um caso especial de um agente , e ambos, nos níveis de controle inferiores podem ser vistos como estruturas de códigos executáveis adaptadas de acordo com a implementação. A escolha de holons ou agentes para projeto de sistemas de controle será determinado pelo ponto de vista do projeto. 

No entanto, pode-se considerar que sistemas holônicos é um modelo para concepção de sistemas de controle considerando autonomia, inteligência e com arquitetura distribuída, e sistemas multiagentes é uma técnica para desenvolvimento do software de controle que pode ser usada para implementar sistemas holônicos (GIRET; BOTTI, 2004).
 
Autor: Prof. Robson Marinho
 
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